Blá Blá Blá (1968)

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O número 96 da lista dos 100 melhores filmes é um curta. E que curta meus amigos leitores do Alguma Coisa de Cinema.

Passei os 26 minutos de “Blá Blá Blá”, de Andrea Tonacci, vidrado na tela. A atuação de Paulo Gracindo como um ditador de um país como Brasil é de cair o queixo.

O ditador vivido por Gracindo passa boa parte do curta em tela fazendo um discurso à nação, daí o título do filme,  “Blá Blá Blá”. Ele fala muito, mas ao mesmo tempo não diz nada lógico. É um discurso que tem seus momentos de tranquilidade, mas em sua maioria é explosivo. 

E é aqui que esse discurso é assustador. Um filme de 1968 tem um discurso político que pode se encaixar em um Brasil de qualquer época, do passado ao presente. Governantes achando que são “Deuses”, que podem fazer tudo, que pode declarar guerra contra todos, que tem seus seguidores fiéis, etc.

 “Blá Blá Blá” é um curta de ficção, mas que poderia se passar por um documentário de época. Ressaltei a atuação de Paulo Gracindo, mas outros personagens como por exemplo Nelson Xavier contrapõem, mesmo que rapidamente, o ditador. 

Depois de assistir “Blá Blá Blá” fiquei ainda mais admirado com a coragem que alguns cineastas tinham em tocar em feridas. Costumo dizer que o Cinema é a arte ideal para se falar de Política, como aqui nesse curta.

“Blá Blá Blá” pode não agradar a todos. Deve incomodar muitos, pela sua semelhança com as realidades da Política do Brasil. Mas com certeza merece demais estar nessa lista dos Melhores Filmes Brasileiros. Simplesmente Fantástico.

O Signo do Caos (2005)

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A crítica agora é sobre o filme de número 97 do Ranking dos 100 Melhores filmes Nacionais, “O Signo do Caos”.

Dirigido por Rogério Sganzerla, que tem mais três filmes na lista dos 100 melhores, “O Signo do Caos” é realmente caótico, mas isso tem um motivo.

Durante o filme acompanhamos um sensor do governo, Dr. Amnésio, vivido por Otávio Terceiro, analisando e recortando um filme estrangeiro de Orson Welles.

E ao mesmo tempo que Amnésio vai apagando ou re-editando em tempo real o filme que está sendo exibido, o filme “O Signo do Caos” também vai sendo recortado e editado em tempo real.

Vemos aqui uma série de experimentos. A começar pelos filmes, inicialmente preto e brancos e depois coloridos, passando pelo som, composto em momentos por músicas e outras vezes pelo silêncio e até mesmo dublagens fora de sincronias. Várias imagens são reutilizadas, mas com contextos diferentes.

E assim como em “Meteorango Kid, Herói Intergaláctico”, já comentado aqui no site, “O Signo do Caos” é uma crítica ao cinema e a forma que se fazia cinema na época. Apesar disso os filmes são totalmente diferentes. “Meteorango” usa um formato como se fosse um documentário, quase amador. Já aqui em “O Signo do Caos” o formato é quase um filme policial antigo. 

E é interessante ver essa colcha de retalhos que foi “O Signo do Caos”.

Estranho, com certeza, mas interessante. É outro filme que com certeza minha crítica não vai nem esboçar o que é essa obra caótica. Não é todo dia que podemos assistir a um antifilme (sim, esse longa já inicia se rotulando assim).

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021)

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Antes de falar sobre o Homem-Aranha: Sem Volta para Casa preciso fazer um breve contexto sobre o personagem e minha vida como fã de cinema.

Em 2002 assisti ao Homem Aranha do Tobey Maguire e fiquei maravilhado com o que o cinema baseado em quadrinhos poderia mostrar. A direção do Sam Raimi para o personagem foi fantástica. Quando a trilogia acabou em 2007 achei que não veria o herói tão cedo, apenas nos DVDs Duplos que tenho na minha coleção de filmes.

Mas esqueci que em Hollywood, quando se tem dinheiro envolvido tudo é possível. E a Sony, detentora dos direitos do cabeça de teia, decidiu não perder tais direitos e decidiu que em 2012 tivemos um reboot com o Andrew Garfield no papel do Homem Aranha, agora O Espetacular Homem-Aranha.

Confesso que deixei passar essa fase do Garfield  e não assisti aos filmes. Era inviável assistir um novo Aranha, pois pra mim a primeira trilogia tinha sido quase impecável e o Aranha de Maguire quase definitivo. Além disso, não apoio a ideia da Sony de fazer qualquer coisa para não perder os direitos do herói.

E assim não iria assistir as futuras encarnações do personagem nos cinemas. Até que veio a parceria da Marvel, que é a criadora do personagem, com a Sony. A Marvel utilizaria o herói em seu Universo Cinematográfico e em contrapartida participaria dos roteiros e produção de filmes solo para a Sony. 

Ora, teríamos finalmente Homem Aranha na essência dos quadrinhos e com a qualidade cinematográfica da Marvel na Sony. E com isso decidi acompanhar essa fase do Homem Aranha agora com o Tom Holland.

Essa introdução foi para ressaltar que assisti aos filmes com Tobey Maguire e Tom Holland e não assisti aos de Andrew Garfield. Tudo para falar que não aproveitei Homem-Aranha: Sem Volta para Casa como boa parte do público no cinema

Aliás, é estranho dizer que estava com saudade de poder pegar uma sessão de filme de herói lotada. A plateia vibrando em cada cena (algumas confesso que não entendi tamanha empolgação).

Em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Homem Aranha tem sua identidade, Peter Parker, divulgada e precisa lidar com as consequências disso. 

As consequências? Primeiro a negativa de Peter (Tom Holland) , sua namorada M. Jay (Zendaya) e seu amigo Ned (Jacob Batalon) na Universidade. Cá entre nós essa parte do filme foi bem gratuita, tudo acontece para que o feitiço do Dr Estranho (Benedict Cumberbatch) seja feito. 

Vilões vindos dos outros universos do Aranha no Cinema. Então temos vilões das eras Maguire e Garfield. Obs: Faltou pelo menos um vilão dessa nova fase. 

E como grandes poderes trazem grandes responsabilidades, temos em  Homem-Aranha: Sem Volta o retorno dos Aranhas acima citados, de Tobey e de Andrew. 

Confesso que nas partes dos vilões e do próprio Aranha de Tobey Maguire a nostalgia falou mais alto e aproveitei mais. Já nos vilões e no Aranha de Andrew Garfield, no início fiquei perdido, mas no final entendi mais desse universo. Ainda não assisti essa fase do Herói vivida pelo Andrew e acho que nem devo assistir, mas fica a dica para quem quiser.

 Homem-Aranha: Sem Volta para casa é um bom filme do herói, mas não é nem o melhor filme  da Marvel, nem o melhor filme do Aranha (o melhor, fica a dica: Homem-Aranha no Aranhaverso). 

Mas como disse, é um bom filme do herói.

Se você gosta do personagem, vale a pena ver Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.

Nota: 4/ 5

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Direção: Jon Watts

Roteiro: Chris McKenna e Erik Sommers

Elenco

Tom Holland, Zendaya,Benedict Cumberbatch, Jacob Batalon, Jon Favreau,Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Marisa Tomei, Andrew Garfield, Tobey Maguire, entre outros.

Duração : 2h 28m

Não Olhe para Cima (2021)

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Não Olhe para Cima é um filme que divide opiniões. Uns amam, outros odeiam. Acho que é um meio termo, nem tão bom, nem tão ruim. Está mais pra “ok”. De longe é o melhor de Adam McKay. É o filme “menos arriscado” do diretor de O Âncora, Vice, A Grande Aposta 

Nesse filme temos o maior elenco de McKay, sem sombra de duvidas. Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence,Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill, Mark Rylance, Tyler Perry, Timothée Chalamet são alguns dos nomes desse filme da Netflix. 

Não Olhe para Cima é a prova de que nem sempre ter o melhor elenco faz do filme o melhor. O que importa é o roteiro e Não Olhe para Cima tem um dos roteiros menos inspirados da carreira de Adam McKay, vide o seu longa anterior, o ótimo Vice. Aqui temos uma sequência de boas ideias, mas previsíveis ideias. 

McKay faz um roteiro ambíguo, que deixa diversas interpretações e todas são fracas. Parece que McKay não teve a coragem de deixar claro a sua mensagem principal. Ele não aprofunda em nenhum dos assuntos, o que é uma pena, pois esse filme tinha grande potencial. 

No mais Não Olhe para Cima é um filme divertido. Vale pelas atuações, pelas risadas e pelo burburinho que causou. Poderia ser melhor? Sem sombra de duvidas.  McKay já provou que sabe fazer filmes mais corajosos. 

Nota: 3 / 5

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Não Olhe para cima

Direção: Adam McKay

Roteiristas: Adam McKay e David Sirota

Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence,Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill, Mark Rylance, Tyler Perry, Timothée Chalamet , Ron Perlman, entre outros.

Duração: 2h 25m

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006)

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Hoje vou falar sobre o nº 98 da Lista dos 100 melhores filmes Brasileiros da Abraccine, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de 2006.

Esse filme foi o representante do Brasil ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008. O filme tirou “Tropa de Elite” da disputa e muito se falou na época sobre isso, se “Tropa” seria o nome ideal ou se a escolha brasileira seria a certa. Pois bem, o longa ficou entre os 10 semifinalistas e infelizmente não esteve entre os cinco finalistas. 

Não é preciso nem falar muita coisa quando se apresenta o filme assim. Com certeza é uma película de qualidade. Não vou entrar aqui no mérito de “O Ano” x “Tropa”.

Já adianto aqui que “Tropa de Elite” também é um dos 100 filmes, pra ser preciso número 30. Ambos são filmes de ótima qualidade, independente da posição nesse Ranking. Inclusive acho que “Tropa” seria uma ótima escolha, sem dúvidas. 

Mas voltando ao “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, assisti  sem expectativa, apesar desse histórico do Oscar, e assisti a um filme belo e “leve”. Fiz questão de colocar agora a palavra leve entre aspas pois o filme fala de um assunto importantíssimo para a nossa história que é a Ditadura (que muitos insistem em falar que não existiu), mas mostra o período sobre o olhar de uma criança, Mauro, vivido por Michel Joelsas. Não é um assunto leve, mas é mostrado de uma forma leve.

Vale ressaltar que tanto a atuação de Michel, quanto das demais crianças do filme estão muito boas. Isso graças ao trabalho da equipe do filme, mas principalmente do diretor Cao Hamburger.

Cao Hamburger foi o criador de Castelo Rá-Tim-Bum, Disney Cruj, entre outros programas consagrados da TV que tinham crianças em papéis principais. Então ele trouxe toda essa experiência a esse filme.

O elenco adulto do filme também está muito bom, mas como disse, o destaque são as crianças. É sob a leveza do  olhar delas que acompanhamos o período conturbado dos anos de 1969/1970 e a Ditadura.  Apesar da leveza do filme, são grandes os momentos de tristeza e o filme deixa uma sensação ambígua, de alegria e tristeza em alguns momentos.

Lembrou um pouco de A Vida é Bela e outros filmes, mas ele difere ao mostrar o povo brasileiro, que mesmo sem motivos para ajudar uns aos outros, dão apoio. Destaque aqui para a relação de amizade entre o jovem Mauro e o senhor Shlomo vivido pelo Germano Haiut.

Em resumo   “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” é um filme leve, que fala de assuntos pesados (que mais que nunca precisam ser falados. Vale a pena procurar o filme.

Meteorango Kid, Herói Intergaláctico (1969)

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Década de 60. Muitos experimentos interessantes no cinema brasileiro. E esse \”Meteorango Kid: Herói Intergalático\”, filme de nº 99 da lista dos Melhores Filmes Brasileiros, é um bom exemplo de um filme desse período.

Aqui nada faz sentido, ou até faz. Mas não da forma que é esperado pelo espectador.

Como espectadores acompanhamos o dia de um jovem, conhecido como Lula Cabelo.

Vale ressaltar que o dia do Lula Cabelo não é nada convencional. Acompanhamos o jovem em sua jornada psicodélica, não sabendo em alguns momentos o que é real e o que é sonho. Nada tem distinção, algo não tão normal nos filmes.

Mas  em \”Meteorango Kid\”  nada é normal. Nada é convencional. Desde a escolha de planos, à escolha da trilha sonora (ou até mesmo a ausência dela em momentos chave).  E é interessante ver as escolhas do diretor André Luiz Oliveira. Com certeza é um filme bastante autoral, um filme que critica os padrões das artes da época, principalmente o Cinema.

Elenco amador, direção experimental. Algo longe do comum. Inclusive pelo título percebemos isso \”Meteorango Kid, Herói Intergaláctico\”.

O que vemos em tela é algo totalmente diferente. E isso é interessante. Estou tentando colocar em palavras o que senti assistindo ao filme. Difícil.

Muita coisa não fazia sentido. Em um certo momento parecia inclusive que o personagem principal falava direto comigo “você quer entender, mas não tem nada para entender”.Talvez até a minha crítica não faça sentido para você que está lendo.

O que quero deixar claro é que esse filme não tem muito sentido, um filme que não é \”normal\”. E a graça é essa. Isso faz do filme algo interessante.

Não recomendo para todos, mas com certeza é interessante.

Guerra Conjugal (1975)

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Decidi que irei assistir e comentar sobre os 100 melhores filmes brasileiros de acordo com a lista da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

E pra começar sobre o longa Guerra Conjugal, posição 100 do ranking. Vale destacar logo no início da crítica que o filme é de 1975, então muitas coisas que vemos em tela não eram aceitas na época. Hoje então nem se fala. Mas depois explico melhor isso.  

Dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, Guerra Conjugal, tem três núcleos base. E o filme mostra pequenas cenas desses núcleos. Acreditava que em algum momento esses núcleos teriam um vínculo entre si, porém a única semelhança entre eles é que todos eles têm como base homens inescrupulosos.

O primeiro núcleo apresentado tem como centro Joãozinho, vivido pelo ator Jofre Soares. Aqui vemos um homem casado há anos, porém a cada oportunidade que tem desvaloriza sua companheira Amália, vivida por Carmem Silva. Amália é apresentada ao público como sendo submissa ao marido. Ela faz tudo pelo companheiro e o mesmo não a valoriza. Mas aos poucos vamos vendo que essa relação entre eles não é o que parece e a mulher não é tão submissa assim.

O segundo núcleo do filme é o do Doutor Osíris, vivido de forma magnífica por Lima Duarte. O consagrado ator entrega ao público um advogado totalmente canastrão e mulherengo, que dá em cima de todas as mulheres que encontra. Literalmente todas, e isso inclui desde uma funcionária do escritório até algumas mulheres casadas que querem se divorciar. Assim como no primeiro núcleo, as mulheres aparentam uma coisa, porém são outra.

Por fim, o terceiro núcleo, o núcleo Nelsinho. Nelsinho, vivido por Carlos Gregório, é um homem totalmente desrespeitoso. Ele é apresentado em cena chutando um cachorro, dando cerveja para uma senhora cega enquanto isso tem relações sexuais com a neta da mesma. Por falar em relações sexuais, o filme tem algumas cenas quase explicitas, por parte de todos os personagens, porém isso não é relevante aqui. Voltando ao personagem Nelsinho, após sair da casa de sua companheira, ele faz uma série de visitas a outras mulheres e com todas, ou quase todas, ele tem uma relação.

Como disse no início da crítica, naquela época essas atitudes dos três personagens não eram aceitas. Isso claramente é mostrado no filme. O longa é uma crítica a esses tipos de homens. O problema aqui é que o tom de Comédia às vezes utilizado no filme acaba sendo de mau tom. A comédia não funcionou aqui, mas isso sob a minha ótica de 45 anos depois do lançamento do filme. Às vezes na época funcionava.

Antes de finalizar, vale ressaltar aqui, as atuações, por mais que os personagens sejam polêmicos, são muito boas. Destaquei Lima Duarte, mas os outros atores e atrizes estão bem nos respectivos papéis.

Outra coisa que vale o destaque são os cenários. Cada núcleo citado tem um conjunto de cenários totalmente diferentes uns dos outros e cada cenário conta algo sobre seus personagens.

Valeu assistir pela experiência de conhecer uma obra que com certeza passaria batido para mim. Não é meu filme favorito dos 100, mas estamos apenas começando.