Cabaret Mineiro (1980)

Hoje vou falar sobre o filme nº 91 da Lista dos Melhores filmes da Abraccine, Cabaret Mineiro, de 1980.

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Dirigido por Carlos Alberto Prates Correia, Cabaret Mineiro é o primeiro musical da lista, o que vale o destaque logo de início. 

Com uma narrativa não linear e várias histórias paralelas, Cabaret Mineiro beira à confusão. É um dos filmes mais estranhos até o momento dessa lista

E confusão com certeza era a intenção do diretor. Carlos Alberto Prates Correia abusa de diversos enquadramentos estranhos, trilha sonora experimental e atuações diferenciadas.   

Sobre os enquadramentos, por exemplo, o filme não se preocupa em manter um padrão entre eles. Aqui quanto mais ousado melhor. 

Por falar em ousadia, o longa tem algumas cenas de nudez bem provocativas.  Provocativas também são as canções da película. É um musical peculiar. 

E o que falar sobre as atuações: eloquentes, quase teatrais. 

Vale destacar aqui o ator Nelson Dantas, que é o personagem principal da história. Ele é um dos mais teatrais aqui. Uma ótima atuação inclusive, mas nem todas as atuações valem o destaque.  Alguns atores beirando em Cabaret Mineiro beiram o amadorismo. Mas isso com certeza é para instigar o espectador.

Cabaret Mineiro, além de ser considerado musical, é tratado como um  drama, porém arrancou algumas boas risadas em diversos momentos, como uma comédia nonsense. Com certeza não era essa a intenção.

Cabaret Mineiro não é para todos os públicos. Mas talvez agrade você do outro lado, como agradou a crítica em Gramado e Brasília, tradicionais festivais de cinema Brasileiro. O longa ganhou oito prêmios nestes festivais, incluindo Melhor Filme. 

Para mim, infelizmente não funcionou. Foi uma viagem que deu errado.

Nota: 2/5

Direção: Carlos Alberto Prates Correia

Roteiristas: J. Guimarães Rosa e Carlos Alberto Prates Correia

Elenco: Nelson Dantas, Tamara Taxman, Tânia Alves, Louise Cardoso, entre outros

Chuvas de Verão (1977)

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Chuva de Verão
Diretor: Cacá Diegues
Elenco: Com Jofre Soares, Miriam Pires, Daniel Filho , Marieta Severo , Gracinda Freire , Paulo César Pereio, Rodolfo Arena, entre outros
Duração: 1h 33m

Hoje falo sobre o nº 92 da lista da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema): Chuvas de Verão (1977).

No longa dirigido e roteirizado por Cacá Diegues acompanhamos o protagonista Afonso, vivido por Jofre Soares e amigos vizinhos. Afonso acaba de se aposentar e programa o resto de sua vida “ficar de pijamas sem fazer nada”.

Porém essa programação é abalada por acontecimentos inesperados, acontecimentos próximos de Afonso, de amigos, de familiares, etc.

Diegues mostra em seu filme que todos tem seus segredos.

Na intimidade todos podem ser o oposto da imagem pública, como por exemplo a própria filha de Afonso, Dodora (Marieta Severo) e seu marido Geraldinho (Daniel Filho), ou até mesmo na “puritana” Isaura (Miriam Pires), de quem Afonso se interessa. Esses e outros personagens secundários aparentam ser algo, mas durante o filme vemos que não é bem assim.

Se for para destacar algum desses personagens secundários, destacaria o vizinho de Afonso, Lourenço, vivido por Rodolfo Arena. Lourenço aparenta ser uma boa pessoa. Também aposentado como Afonso, ele sempre tem algo para o amigo e para os vizinhos. Mas no fundo Lourenço é um dos piores, senão o pior de todos.

Todos nesse longa querem ser o que não são. Todos aparentam algo, mas na realidade são outra coisa. Todos querem ser algo que não são. Todos tem seus segredos. E a qualquer momento todos esses segredos podem ser revelados, o que gera vários momentos de.

O roteiro de Cacá Diegues traz muito bem esse sentimento de tensão para o espectador. O que irá acontecer a seguir? Será que esses segredos dos personagens serão revelados? E quais serão as consequências dessas revelações?

Chuvas de Verão foi um filme interessante de ser visto, pois traz à tona reflexões sobre aparências e o que as pessoas realmente são. É um tema que nunca deixou de ser atual.

Se transpormos para hoje, em um mundo dominado pelas Redes Sociais, onde as pessoas se apresentam publicamente de uma forma, mas no íntimo são opostos, são \”Afonsos\”, \”Lourenços\”, \”Dodoras\”, \”Geraldinhos\”, etc.

As aparências enganam.

Nota: 3/5

 A Vida Invisível (2019)

Pra começar, drama não é o meu gênero favorito, mas geralmente assisto aos filmes mesmo

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assim. Inclusive, antes de começar a falar sobre o filme em si, faço essa recomendação, sai da sua zona de conforto. Assista a filmes de gêneros que você normalmente não gosta, pois a chance de se surpreender é grande, mas voltando ao filme.

No caso aqui do filme brasileiro A Vida Invisível o drama  é um dos mais intensos que vi nos últimos anos. Sério, que drama intenso. 

A Vida Invisível se passa no Rio de Janeiro dos anos 50 onde as irmãs Guida e Euridice, vividas respectivamente pelas atrizes Julia Stockler e Carol Duarte, irmãs bastante unidas.

Mas por escolhas, que elas nem tiveram, foram separadas por toda vida. 

Não vou falar mais da história em si pra não estragar a experiência de quem ainda não assistiu A Vida Invisível. 

Só pra deixar registrado, eu saí depois de assistir a esse filme dirigido pelo Karim Aïnouz bastante triste, mas isso não foi ruim.

Eu costumo falar que quando um filme traz um sentimento tão forte, independente qual seja esse sentimento, seja alegria ou tristeza, significa que o filme funcionou. E sem dúvida o drama nesse filme funciona. A todo momento durante o filme eu tentava imaginar como seria viver a vida dessas personagens principais, as irmãs Guida e Eurídice.

Cada uma das irmãs sofriam e iam vivendo sofrendo. Elas sofriam problemas distintos em momentos distintos. Mas a todo momento o filme mostrava essa ligação entre as irmãs. O forte em A Vida Invisível é sem duvida nenhuma o elenco. 

Aqui cada ator e atriz entrega o necessário ao personagem, sem forçar nada.E por falar em elenco, os momentos finais do filme com Fernanda Montenegro como Eurídice são fantásticos. Em um minuto de cena, Fernanda Montenegro mostra porque é essa lenda viva do nosso cinema. Sério, um minuto. 

Ela pega algo em cena e o olhar que ela faz é tão intenso que é de arrepiar. Mas não é só a Fernanda Montenegro, como eu disse todo elenco de A Vida Invisível é fantástico

.A única coisa que eu mudaria em A Vida Invisível seria a duração. O longa poderia ser um pouco menor. As mais de duas horas poderiam ser reduzidas facilmente. 

Falo que poderia ser reduzido pois realmente o filme me deixou bastante pra baixo.Duas horas de puro de sofrimento. E como disse antes, se o filme trás uma emoção, ponto positivo.

Se você gosta de drama, recomendo você assistir A Vida Invisível. Vale demais a pena.

Nota: 3,5/5

Direção: Karim Aïnouz

Roteiristas: Murilo Hauser, Inés Bortagaray, Karim Aïnouz

Elenco: Julia Stockler, Carol Duarte,Flávia Gusmão, Fernanda Montenegro, António Fonseca, Gregório Duvivier, entre outros