Casa de Antiguidades (2020)

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Antes de começar a falar sobre o filme em si, gosto de ressaltar o que falo quando o longa é o primeiro trabalho de um diretor ou diretora: É tão bom quando a pessoa começa com o pé direito no cinema. É ótimo ver um diretor ou diretora estreando de forma excelente em seu primeiro longa-metragem.

João Paulo Miranda Maria começa com o pé direito em \”Casa de Antiguidades\” e já se destaca em grandes festivais. Além da direção, João Paulo Miranda Maria também assina o roteiro, que é bem interessante. 

O filme tem como protagonista um senhor negro imigrante de cerca de 70 anos, ou seja, três fatores de preconceito que são abordados durante boa parte da história.

No longa vemos o personagem do senhor, interpretado por Antônio Pitanga, um excelente ator brasileiro, enfrentando diferentes tipos de preconceito ao longo do filme, seja por ser idoso, negro ou imigrante. Ele mora no sul do país, em um futuro distópico, em uma região que deseja se separar do Brasil e que não aceita pessoas de outros estados. É uma região sul bastante racista. 

O filme aborda esses assuntos polêmicos, o que é muito bom. O cinema precisa falar de política e discutir outros assuntos considerados polêmicos, e isso é interessante.

A atuação de Antônio Pitanga é muito precisa nesse filme. Ele consegue transmitir seus pensamentos e emoções apenas com os olhos em algumas cenas, sem dizer uma palavra sequer. É impressionante como compreendemos o que ele está pensando por meio do olhar. 

Uma coisa que chamou minha atenção em \”Casa de Antiguidades\” foi que, quando o personagem fala durante a maior parte do tempo, o foco não está nele, mas sim na reação da pessoa que está ouvindo. Isso é bastante interessante de se ver.

Outra coisa queme chamou muito a atenção em \”Casa de Antiguidades\” ,  foi o designe de produção. Pequenos detalhes como adereços nas paredes ou até mesmo reflexos em janelas ajudaram a contar a historia.

Como mencionei, o filme trata de assuntos polêmicos, como racismo, maus-tratos aos idosos, falta de saneamento básico e política. 

Então Casa de Antiguidades pode não agradar a todos, mas vale a pena.

Nota: 3/5

Direção: João Paulo Miranda Maria

Roteiristas: João Paulo Miranda MariaFelipe Sholl

Elenco: Antonio Pitanga, Ana Flavia Cavalcanti, Sam Louwyck, Soren Hellerup, entre outros

Duração: 1 h 27 min

Dois Córregos (1999)

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Hoje é dia de falar sobre o filme nº 93 da Lista dos Melhores Filmes Brasileiros segundo a Abraccine: “Dois Córregos: Verdades Submersas no Tempo” de 1999.

Dirigido por Carlos Reichenbach, o longa mostra Ana Paula, vivida por Beth Goulart, lembrando de seu passado numa casa na cidade de Dois Córregos. Na adolescência a mesma personagem Ana é vivida por Vanessa Goulart.

E durante boa parte do filme vemos o relacionamento de Ana com sua amiga Lydia (Luciana Brasil), Tereza (Ingra Liberato) e o tio Hermes (Carlos Alberto Riccelli).

Inclusive o personagem de Riccelli é o fio condutor da história. São as ações dele que fazem a história mover.

“Dois Córregos: Verdades Submersas no Tempo” é mais um olhar sobre a Ditadura no Brasil entre os filmes escolhidos pela Abraccine, mas é um olhar diferente do já mostrado nos filmes anteriores. É um olhar quase intimista.

O grande destaque aqui no filme é sem dúvida suas belas locações. As imagens a beira dos córregos, imagens aéreas da cidade, entre outras, são magnificas.  A trilha sonora também é algo que merece o destaque. Durante várias cenas do filme se ouvem músicas tocadas no piano dentro da casa e elas são executadas pela atriz Luciana Brasil. Ponto forte do filme.

Já algo que não se destaca são as atuações dos personagens secundários, mas nada que prejudique a experiência. Tirando os já citados acima, os demais atores/atrizes deixam a desejar por serem amadores.

Mas como disse, isso não prejudica na experiência do filme, pois na maioria do tempo em”Dois Córregos” as atuações são mais contidas, principalmente do personagem de Riccelli. O personagem dele é mais contido para evitar problemas e quando o mesmo extravasa, tem de tomar uma decisão que vai mudar tudo, por isso falei que é o personagem que faz a história mover.  

“Dois Córregos: Verdades Submersas no Tempo” é um filme interessante, visualmente muito bonito e com uma história, baseada em fatos, contida, mas que mostra com certeza a que veio.

Central do Brasil (1998)

A primeira vez que assisti a Central do Brasil eu tinha 14 anos e confesso que achei muito ruim, mas eu era muito imaturo na época. 

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Agora, depois de mais de 20 anos, decidi dar uma segunda chance para \”Central do Brasil\” e foi a melhor coisa que fiz. Finalmente entendi porque o filme é um clássico do nosso cinema. O longa muito bom mesmo.

A fotografia deste filme é maravilhosa, com algumas cenas que se destacam. 

Lembro de uma cena específica que me chamou bastante atenção, em que mostrava uma igreja no meio do sertão, parecendo uma pintura. A direção de Walter Salles é precisa, assim como a trilha sonora. Mas o destaque são as atuações. Todo o elenco secundário é muito bom, mas claro que tenho que falar de Fernanda Montenegro.

Finalmente, entendi quando as pessoas dizem que ela foi roubada no Oscar. Realmente, ela merecia todos os prêmios pelo seu trabalho em \”Central do Brasil\”. Sua atuação está impecável. Acompanhamos todo o arco da personagem, passando por diferentes sentimentos: começamos com raiva, depois sentimos dó e novamente raiva. É uma sequência de emoções muito bem construída com a personagem de Fernanda Montenegro.

Uma coisa que recomendo para aqueles que não gostam de \”Central do Brasil\” é dar uma segunda chance. 

Talvez você tenha assistido quando o filme foi lançado, naquela época em que eu realmente não gostava dele e não tinha maturidade para apreciar.

 Conforme fui amadurecendo meu gosto pelo cinema, descobri vários filmes nacionais que aprecio, então por que não \”Central do Brasil\”? Eu dei uma segunda chance e tenho certeza de que você vai olhar o filme com outros olhos.

Valeu muito a pena assisti-lo vinte anos depois do lançamento e vinte anos depois de eu tê-lo assistido pela primeira vez. 

Sério, compensa demais.  Se você ainda não deu uma chance, ou uma segunda chance para \”Central do Brasil\” agora é uma boa hora. 

Tenho certeza de que você vai gostar.

Nota: 5/5

Direção: Walter Salles

Roteiristas: Marcos Bernstein, João Emanuel Carneiro, Walter Salles

Elenco: Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Marília Pêra

Aruanda (1960)

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Hoje é dia de falar sobre o filme nº 94 da Lista dos Melhores Filmes segundo a Abraccine: Aruanda de 1960.

Esse é mais um curta da lista dos Melhores Filmes, mas não perde em nada para os longas até então assistidos.

No início do curta dirigido por Linduarte Noronha acompanhamos uma família saindo de sua casa em pleno Sertão da Paraíba a procura de se estabelecer próximo a água. Depois acompanhamos outras famílias no Quilombo em Serra do Talhado. E assim como a primeira família mostrada, vemos o sofrimento de uma vida. Famílias que tentam sobreviver, seja com plantação de algodão, seja com artesanato. Famílias que tentam sobreviver em meio a miséria.

As imagens preto e branco ressaltam ainda mais essa miséria de um povo que vive semanalmente com “300 a 400 Cruzeiros por família”. Tentei converter tal valor e cheguei a menos de R$0,50. Algo absurdo, não só em tempos atuais, mais naquela época também.

Durante os pouco mais de 20 minutos de curta acompanhamos pessoas abandonadas pelo Estado, mas que lutam para sobreviver em um lugar desumano. É um choque ver a forma que pessoas viviam (e vivem) no Brasil e toda a desigualdade.

Aruanda deve ser assistido, sem dúvidas.

Carandiru (2003)

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Antes de começar, foi bem interessante re-assistir Carandiru, principalmente depois de assistir a Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, filme que vai representar o Brasil no Oscar em 2021.

No filme de Barbara Paz, cuja critica você ouve aqui ou assiste aqui, temos um apanhado breve pela vida de Hector Babenco. E um dos principais filmes dessa carreira, esse que vou falar aqui, Carandiru.

Carandiru foi dirigido pelo Babenco em 2003, com base no livro Estação Carandiru do médico Dráuzio Varella.  Li esse livro há algum tempo, não me recordo a data precisa, mas recordo que a leitura foi bastante fluida, apesar dos temas densos narrados.

Aqui no filme do Babenco esses temas densos estão em sua essência, mas a adaptação deixa um pouco a desejar. Carandiru é sem dúvidas um grande filme, não é esse o ponto aqui. Mas o livro tem um aprofundamento melhor.

O elenco de Carandiru são um dos grandes méritos do filme. Nomes como Rodrigo Santoro, Gero Camilo, Ailton Graça, Lázaro Ramos, Enrique Diaz, Wagner Moura, são alguns dos atores envolvidos. E cada atuação surpreende. Não há porque destacar uma ou outra atuação, sendo que aqui o coletivo é o mais forte. A vida dos presidiários e demais envolvidos é retratada com uma certa dose de crueza e ao mesmo tempo retratada de forma humanizada. Mérito de Babenco e sua equipe.

Outro mérito de Carandiru, sem dúvidas são os cenários do filme, cada um mais realista que outro. Falo aqui dos cenários construídos, não do próprio Carandiru que foi utilizado em algumas cenas. A magnitude da casa de detenção é impressionante e assustadora.

Carandiru não é um filme para todos, mas com certeza é um filme que deveria ser assistido por todos, tanto para conhecer historias, quanto para conhecer a história trágica do próprio local e dos reais detentos.

Antes de começar, foi bem interessante re-assistir Carandiru, principalmente depois de assistir a Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, filme que vai representar o Brasil no Oscar em 2021.

No filme de Barbara Paz, cuja critica você ouve aqui ou assiste aqui, temos um apanhado breve pela vida de Hector Babenco. E um dos principais filmes dessa carreira, esse que vou falar aqui, Carandiru.

Carandiru foi dirigido pelo Babenco em 2003, com base no livro Estação Carandiru do médico Dráuzio Varella.  Li esse livro há algum tempo, não me recordo a data precisa, mas recordo que a leitura foi bastante fluida, apesar dos temas densos narrados.

Aqui no filme do Babenco esses temas densos estão em sua essência, mas a adaptação deixa um pouco a desejar. Carandiru é sem dúvidas um grande filme, não é esse o ponto aqui. Mas o livro tem um aprofundamento melhor.

O elenco de Carandiru são um dos grandes méritos do filme. Nomes como Rodrigo Santoro, Gero Camilo, Ailton Graça, Lázaro Ramos, Enrique Diaz, Wagner Moura, são alguns dos atores envolvidos. E cada atuação surpreende. Não há porque destacar uma ou outra atuação, sendo que aqui o coletivo é o mais forte. A vida dos presidiários e demais envolvidos é retratada com uma certa dose de crueza e ao mesmo tempo retratada de forma humanizada. Mérito de Babenco e sua equipe.

Outro mérito de Carandiru, sem dúvidas são os cenários do filme, cada um mais realista que outro. Falo aqui dos cenários construídos, não do próprio Carandiru que foi utilizado em algumas cenas. A magnitude da casa de detenção é impressionante e assustadora.

Carandiru não é um filme para todos, mas com certeza é um filme que deveria ser assistido por todos, tanto para conhecer historias, quanto para conhecer a história trágica do próprio local e dos reais detentos.